Você não tem todos os problemas que ACHA que tem.
Eu sempre tive dificuldade de nomear qualquer coisa que escrevo, nunca consegui, desde a época de colégio até hoje. Desde o assunto de um simples e-mail até qualquer coisa que necessite de um nome.
É um bloqueio meu, sempre tenho que ter em mente o que desejo escrever, escrevo e somente depois que acabo nomeando, mas este não.
Este post já começa com seu nome, pois este tema tem me consumido há dias, mas a preguiça de escrever e a falta de inspiração eram maiores, hoje enfim resolvi colocar no "papel".
Antes de falar na verdade o que quero, vou contar uma história que com toda a certeza mudou muito minha maneira de encarar algumas coisas.
Parte I
6 anos atrás eu trabalhava na Aymoré Financiamentos, no centro, exatamente na R XV de Novembro.
Não lembro exatamente em que mês isso aconteceu, mas foi mais ou menos nesta mesma época, eu tinha acabado de ser efetivada, com 19 anos já era bancária, trabalhava em um ambiente legal, estudava, vivia rodeada de festa, família e amigos, mas para mim estava faltando alguma coisa.
Isso aconteceu em uma semana que eu estava no auge da tristeza, nada de toda essa riqueza que eu tinha importava, pois eu estava tempo suficiente me lamentando e sofrendo porque eu era a única das minhas amigas, que não tinha um namorado.
Apesar de ter um histórico grande de andar no centro à noite, em um dos milhares de happy hour, neste dia foi umas das poucas vezes que tive que trabalhar mesmo até mais tarde.
Saí do banco por volta das 20h, naquela solidão e vazio que só quem conhece o centro de São Paulo na parte da noite sabe como é.
Tinha que ir para a aula ainda, fui até o Pátio do Colégio, pegar o ônibus elétrico e seguir até a República, pois de lá tinha o ônibus que me levaria até a faculdade.
Já dentro do ônibus, ele parou alguns pontos a frente, na R Boa Vista, ficou um tempo parado, pois um cadeirante precisava entrar e como acessibilidade no transporte paulista praticamente não existe, motorista e cobrador tiveram que ajuda-lo a subir.
Enfim, cadeirante dentro do ônibus, seguimos viagem.
Chegando na Praça da República, eu ia descer no mesmo ponto do cadeirante que estava mega preocupado de como atravessaria sozinho para o outro lado, pois ele tinha outras dificuldades motoras também, não consegue conduzir a cadeira de forma rápida sozinho.
Como iríamos para o mesmo lugar, me ofereci e guiei a cadeira dele até o outro lado da Av. Ipiranga e agradeço até hoje pela oportunidade de ter feito isso.
Durante o trajeto, fomos conversando animadamente, ele me contando que era seu primeiro dia de trabalho na Atento, que estava super contente, que estudava economia na PUC e se formaria naquele ano e que apesar das limitações físicas ele não abria mão de fazer absolutamente nada, mesmo que grande parte da sua vida dependesse de ajuda como a minha naquele momento.
Enfim, durante a conversa descobri que ele morava pertinho de casa, ele pegaria na ocasião o mesmo ônibus que eu e viemos batendo papo até a porta da minha faculdade.
Ao me despedir do meu colega e descer do ônibus me veio à lembrança o motivo pelo qual me encontrava triste há algumas horas.
A hora que “caiu a ficha”, veio o baque.
Passei pela porta da faculdade e fui andando para minha casa, sim, andando. Meio sem rumo, sem entender direito como podia ser tão mal agradecida e meio alienada ainda.
Uns 40 minutos de caminhada e choro, nossa como chorei!
Cheguei em casa cansada e aos prantos, inconformada com a minha falta de amor e respeito a minha vida!!
Como era possível eu andar, falar, ter saúde, família, amigos, ser independente e estar na depressão, pois “eu não tinha” ninguém.
Aquele momento, aquele rapaz, com toda a certeza mudou parte da minha vida.
Parte II
Reclamamos demais da nossa vida, passamos muito tempo preocupados com o que aconteceu ou irá acontecer e esquecemos que o presente é que faz todo o resto fazer sentido.
Ficamos preocupados com a vida das outras pessoas, com as atitudes das outras pessoas, com o que os outros pensam, deixando de fazer o que realmente temos vontade, por achar que não é politicamente correto.
Nos comparamos o tempo todo, com todo mundo, seja fisicamente, emocionalmente, financeiramente, profissionalmente e esquecemos de dar valor ao que somos e o que temos!
Queremos impressionar o tempo todo, mostrar ser algo ou alguém que não tem nem um pouco da nossa cara, para agradar. Não lembramos que as pessoas tem que gostar do que você é, não do que gostaria que fosse.
Se está calor é porque está muito quente, se está frio é porque frio é triste, se está seco precisa de chuva, se chove precisa ser das 10 as 16h, pois se não tem muito trânsito. Isso quem cuida é a NATUREZA e essas reclamações e comentários bobos não vão mudar a temperatura.
Está acima do peso? Fica triste porque, não consegue emagrecer.
Está desempregado? Reclama que não tem emprego.
Tem emprego? Reclama que o emprego é ruim, que não tem oportunidade.
É casado? A esposa/marido não colabora e a sogra é um saco.
É solteiro? Chora (como eu já fiz) porque não encontra alguém que te complete.
Encontrou alguém que te completa? Foge como o diabo foge da cruz, com medo de se apaixonar e sofrer.
Se apaixonou e não deu certo? Promete para si mesmo que nunca mais vai se submeter a esse sentimento idiota, pois só trás desgosto.
Parem para pensar, quem complica nossa vida?
Não precisa nem pensar muito para descobrir essa resposta!
Antes de reclamar daquilo que temos hoje, pensemos primeiro no que podemos fazer para mudar isso e depois nas pessoas que não tem nem metade do que temos que para nós não é suficiente.
Pensem nesse rapaz que é deficiente, que precisa da ajuda de muitas pessoas mal educadas para conseguir se locomover, subir no ônibus, etc. mas que é FELIZ por ser operador de telemarketing e hoje já um economista formado pela PUC, por seus méritos!!!
Vamos nos dar a oportunidade de sermos FELIZES com coisas simples, vamos NOS DAR A OPORTUNIDADE, de errar e acertar. De errar de novo e de novo e quantas vezes forem necessárias até aprendermos e quem sabe nos tornar pessoas melhores.
Quanta coisa acontecendo enquanto gastamos nosso tempo reclamando e muitas vezes não movendo uma palha para mudar o que nos incomoda.
Enxergar o lado bom das coisas também é um dom!
Sejamos a mudança que desejamos no mundo ou na nossa vida, pois com certeza, nem eu ou você temos todos os problemas que ACHAMOS que temos!!
Excelente texto Mari, realmente inspirador... Parabéns!
ResponderExcluirQue honra! Obrigada pela leitura!
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